Os curdos representam a maior etnia sem estado no mundo e se consideram nativos do Curdistão; uma região que abrange parte dos territórios de países como Irã, Turquia, Iraque e Síria. São aproximadamente 30 milhões de indivíduos - que compartilham uma língua, uma religião e uma história - vivendo em regiões onde sua cultura não é permitida. Um exemplo disso é a Turquia, que abriga mais de 14 milhões de curdos, e proíbe o estudo da língua curda nas instituições de ensino.
Eles nunca tiveram um Estado independente, mas até 1639 desfrutaram de relativa autonomia. Neste ano o Curdistão foi repartido entre os impérios Persa (Irã) e Otomano (Turquia). A partir daí, sucessivas mutilações no território curdo se deram em função dos arranjos internacionais. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com o desmembramento do Império Otomano, uma parte do Curdistão foi integrada no Iraque e a outra continuou na Turquia. No geral, a maioria dos conflitos tem como foco principal a conquista da autonomia e da independência curda. Esses conflitos tiveram origem no ano de 1919 quando, um pouco depois da independência do Iraque, Mohamoud Barzanji, líder curdo, é proclamado rei.
Menos de um ano depois, o exercito britânico depôs Barsanji. Em 1920 foi assinado na França o tratado de Sèvres, que delimitava as fronteiras do Curdistão e prometia a tão esperada autonomia; mas não foi colocado em prática. Para complicar a situação, em 1923 um novo acordo foi assinado na Suíça entre os países participantes da Primeira Guerra Mundial e da Guerra da Independência da Turquia. O documento não só dividia o Curdistão entre Turquia, Iraque e Síria como também desobrigava o governo turco a garantir a autonomia curda. Em 1925, após a repressão de uma revolta curda, a Liga das Nações decidiu que o mandato britânico na região se estendesse por mais 25 anos. Porém, após cinco anos, o Iraque conseguiu sua independência dos britânicos e os curdos se rebelaram novamente.
Nos anos de 1990 os curdos ganharam a proteção dos EUA no Iraque. Sob o comando de George Bush (pai), os EUA e as forcas aliadas apoiaram uma serie de rebeliões curdas, o que estabeleceu uma área segura para a etnia ter um governo próprio. Apesar de tudo, a questão curda só ganhou destaque no mundo em 2003, com a invasão do Iraque pelos EUA, que estava sob a liderança de George Bush (filho). Apesar da forte oposição turca, que negou apoio a independência curda, a delegação da etnia no comitê constitucional conseguiu que as províncias curdas se reunissem em uma região autônoma; com suas próprias forças armadas, leis e taxas. Os turcos chegaram a negar abrir caminho para os americanos e seus aliados até o norte do Iraque; pois tinham medo de que, com Saddam Hussein deposto, os curdos proclamassem um estado independente.
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