segunda-feira, 13 de junho de 2016

Primavera Árabe


 A Primavera Árabe foi o nome dado à onda de protestos populares contra os regimes autoritários que existiam nos países árabes. Esses países possuíam como presidentes os mesmos homens, ou suas famílias, a no mínimo 11 anos. Por isso, em dezembro de 2010, pessoas comuns de países como Tunísia, Egito, Líbia e Síria, começaram a sair às ruas para se manifestar em relação à derrubada dos ditadores, à crise econômica e à reivindicação de melhores condições de vida. O estopim para a onda de protestos foi o suicídio de Mohamed Bouazizi,na Tunísia. Isso ocorreu pois, em um dia normal trabalho ele teve seus produtos confiscados por se recusar a pagar propina, e, assim, ateou fogo no próprio corpo como forma de protesto.






 A partir disso, diversas lutas eclodiram nos países árabes, e muitos presidentes foram depostos:

*Na Tunísia (primeiro país a apresentar revoltas), Ben Ali, que estava no poder a 23 anos, foi deposto;
*No Egito, Hosni Mubarak, no poder a 30 anos, também foi deposto em seguida;
*Na Líbia, Muammar Kadafi, no poder a 42 anos, também deposto.

Um fator que ajudou muito para a propagação dos ideais revolucionários foi as redes sociais. Na Tunísia, o número de usuários no Facebook aumentou em 200 mil em apenas dois meses. E nesses mesmos meses os tunisianos foram às ruas para exigir a queda do regime. Com base em uma pesquisa da Dubai School Government, nove em cada dez tunisianos e egípcios afirmam ter usado o Facebook para organizar protestos.
No Twitter surgiram diversas pessoas que postavam mensagens e descreviam os acontecimentos acerca da revoluções. Sultan al Qassemi é uma dessas pessoas, ele conseguiu espalhar todas as notícias ao mundo ocidental, desde a morte de Bouazizi. Hoje, possui mais de 400 mil seguidores. Além disso, a hashtag #Egypt foi utilizada na época mais de 1,4 milhões de vezes. Outras hashtags também ficaram populares, como #Jan25, #Bahrain, #arabspring, entre outras.
https://lh3.googleusercontent.com/SomxBB6fBxp1Afco_ITkP2_OFBaoZiWiY1a-Oh0_r6dkGT5Z4R4ORa21zSs-fH-CoHlViD5zhH7sbmLN6SUdZaEZcK3T8vEsDdXkz8K9T38M3GhfuV-rddOdcwrUGn3w6LyU6kYrVGEaIczAbA

 A Primavera Árabe possibilitou o aumento da liberdade de expressão da população árabe, elemento muito restrito à eles até então, e o surgimento de diversos movimentos artísticos contra o sistema político e a difícil situação social.
 Uma das primeiras expressões artísticas foi a peça Al’aan Fhmtekom” que entrou em cartaz em setembro de 2011 em Omã, Jordânia. A obra faz uma crítica aos ditadores e defende que todo político que não mudar sua postura e não se adequar aos novos tempos, perderá o seu “trono”.
 Além do teatro, a Primavera Árabe também foi tema para diversos tipos de expressões artísticas. Como o cinema, desenhos, fotografias, rap, música e poesias.
 Algumas charges eram encomendadas e utilizadas na forma de cartazes nas revoltas. É o caso da Líbia, Argélia, Bahrein, Iêmen, Síria e principalmente Egito, onde os rebeldes usavam charges do brasileiro Carlos Latuff. As charges criticavam os líderes e defendiam a saída dos ditadores.
 Alguns exemplos são:
Latuff imagina três bandeiras sobre o território do país: enquanto o líder Muamar Khadafi se rende, os rebeldes líbios comemoram a vitória e as forças ocidentais fincam a bandeira sobre uma torre de petróleo.

Esta foi feita para o primeiro dia das manifestações na praça Tahrir, Egito, no dia 25 de janeiro, e mostra Hosni Mubarak, líder egípcio, levando uma sapatada.
 Há ainda charges que expressam o caráter violento da Primavera Árabe e o lado humano do movimento. Como as charges:


 
O poema “Oh, Egito, está perto” de Tamim Al-Barghouti, considerado o poeta da Primavera Árabe, se tornou hino das revoltas na Praça Tahrir, Cairo. O poema foi escrito na iminência do início dos protestos no dia 25 de janeiro.

OH, EGITO, ESTÁ PERTO
Está perto, será hoje.
Nada resta do poder
a não ser alguns cassetetes.
Se você não acredita, venha a praça e veja por si próprio.
Um tirano só existe na imaginação de seus súditos.
Todo mundo que ficar em casa estará em perigo.
Depois disso, estaremos livres.
TAMIM AL BARGHOUTI

 
A Primavera Árabe tinha como objetivo derrubar a ditadura e lutar por melhor qualidade de vida. Porém, não são todos os países que conseguiram atingir esses desejos. Por exemplo, no Bahrein a liberdade de imprensa é muito restrita e o Egito está implementando um Projeto de Monitoramentos de Redes Sociais. Após a Primavera Árabe, as leis sauditas para minar as notícias independentes foram reforçadas e as penalidades aumentaram.
  Na Síria, principal país em que a ditadura não foi derrubada, o país é governado atualmente por uma espécie de cartel formado por governistas e empresários. Algumas reformas políticas foram realizadas nos últimos anos, mas não foram suficientes para impedir as manifestações da população civil que começaram na cidade de Deraa, ao sul, e que se espalharam por todo o país. A violência aumentou muito, e os dados da ONU indicam ao menos 10.000 mortes em 1 ano de conflito.
  Ao menos 250 mil sírios morreram em quatro anos e meio de conflito armado, que começou com protestos antigoverno que cresceram até dar origem a uma guerra civil. Mais de 11 milhões de pessoas tiveram que deixar suas casas, em meio à batalha entre forças leais ao presidente Bashar al-Assad e oposicionistas - e também sob a ameaça de militantes radicais do Estado Islâmico.
 O conflito hoje é mais do que uma disputa entre grupos pró e anti Assad.Há uma luta entre maioria sunita contra o ramo xiita alauita de Assad. E o avanço do EI deu uma nova dimensão à guerra.
 A Casa Branca anunciou dia 30 de outubro de 2015 um conjunto de medidas que vai ampliar a presença e a participação dos Estados Unidos na guerra civil da Síria. Contrariando discursos passados, quando o presidente Barack Obama disse que não enviaria tropas terrestres para lutar na Síria, o governo americano decidiu aprovar uma pequena missão de tropas especiais para lutar contra o Estado Islâmico.
 Os Estados Unidos estão liderando uma luta contra o Estado Islâmico que envolve o Iraque, a Turquia e vários países do Golfo desde o ano passado. Entretanto, a relação dos americanos com o governo sírio não é amistosa. O regime de Bashar al-Assad acusa os EUA de apoiar terroristas, já que os americanos enviaram armamentos para rebeldes. A situação se tornou mais complicada quando a Rússia entrou no conflito e passou a fazer ataques aéreos para apoiar o regime Assad.
 Atualmente a Síria está ocupada da seguinte forma:
 
 Ainda há a questão dos refugiados. A cada 24 horas, cerca de 10 mil homens, mulheres e crianças fogem da Síria devido a guerra civil que acontece nos país desde 2011.2/3 da população já deixou o país por conta dos ataques. Só em 2015, 300 mil pessoas atravessaram o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa, 3000 morreram na travessia. Os campos de refugiados espalham-se por todo continente europeu e parte de alguns países asiáticos.

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